Pesquisas de ponta em hidroceanografia serão implementadas no País
24/07/2013 16:15 - Portal Brasil
A embarcação científica ampliará a presença da ciência brasileira no Oceano Atlântico Sul e Tropical
Um navio voltado para pesquisas hidroceanográficas avançadas na costa brasileira foi apresentado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) nesta terça-feira (23). Com a nova aquisição, o País busca ampliar a presença da ciência brasileira no Atlântico Sul e Tropical. A compra, no valor de R$ 162 milhões, é resultado de um acordo de cooperação entre o MCTI, o Ministério da Defesa, a Marinha do Brasil, a Petrobras e a empresa Vale. O anúncio foi feito durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife.
A embarcação integra o projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidroviárias (Inpoh), que prevê uma série de ações na conservação da biodiversidade marinha, na melhoria de processos associados à pesca, aquicultura e maricultura, na bioprospecção, proteção e adaptação de zonas costeiras para as mudanças climáticas, na realização de estudos sobre vias fluviais, hidráulica fluvial e portuária, além de formação de recursos humanos na área de hidroceanografia.
“Estamos concretizando uma demanda antiga da comunidade científica, que culminará em um grande avanço para as pesquisas oceanográficas e para o uso sustentável dos nossos recursos marítimos e fluviais”, disse o ministro Marco Antonio Raupp.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, almirante Wilson Guerra, o navio está sendo construído na China, que detém a expertise em embarcações do tipo offshore (com capacidade para navegar em alto mar). A previsão é a de que o projeto esteja concluído até o segundo semestre de 2014.
Instrumento de pesquisa de ponta
Segundo a coordenadora para Mar e Antártica do MCTI, Janice Trotte, a embarcação terá capacidade para 146 tripulantes, dos quais 60 pesquisadores, e irá contribuir para o progresso de pesquisas nas áreas de química, geologia, biologia e física marinha. O navio será equipado com o que há de mais avançado em termos de tecnologia, o que permitirá o acesso à parte geológica e biológica para experimentações e retirada de amostras.
Um dos equipamentos presentes na embarcação é o veículo de operação remota (ROV, na sigla em inglês), que irá operar a uma profundidade de quatro mil metros. “Quando pensamos nos recursos que podemos extrair do mar, temos em mente apenas o petróleo. Mas há uma riqueza marítima imensa, como metais, minas e polimetálicos, que têm muito valor e diversas aplicabilidades”, observou o almirante Guerra. “Além disso, há milhares de seres vivos dos quais podemos extrair enzimas que podem usadas, por exemplo, na produção de fármacos. Estamos falando de uma riqueza imensa, de uma série de produtos que podem ser revertidos em benefício da sociedade”.
A França, o Japão, a China e a Rússia são alguns dos países que possuem navios equipados com alta tecnologia, destinados a essa finalidade. “Certamente, essa aquisição poderá alçar o Brasil ao nível das pesquisas realizadas nesses lugares”, avaliou Guerra.
Inpoh
De acordo com o ministro, o Inpoh é resultado de uma “intensa articulação” entre o MCTI, a Marinha do Brasil, o Ministério da Pesca e Aquicultura e a Secretaria de Portos da Presidência da República. “Além de contar com previsão orçamentária para entrar em operação, o instituto tem total apoio da comunidade científica e das universidades brasileiras”.
O instituto irá operar como organização social (OS). O diretor interino é Serge Estefen, também diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
Segundo a coordenadora para Mar e Antártica do MCTI, Janice Trotte, a criação do Inpoh capacitará o Brasil a ter coparticipação nas tomadas de decisão em fóruns globais sobre os oceanos, garantindo, por meio do conhecimento gerado, a conservação e o uso sustentável dos bens e serviços dos recursos hídricos nacionais.
Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI)
É uma Comissão da Unesco, criada por ocasião da XI Assembleia Geral da Unesco, em 1961. O Decreto de 5 de janeiro de 1994 estabelece funções a serem exercidas pela Marinha do Brasil, por meio da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), junto à COI. A comissão tem como missão fomentar a investigação científica marinha nos oceanos, por meio de ações coordenadas e integradas de coleta de dados, produção de informações, intercâmbio de dados e transferência de tecnologia, que compõem as atividades de Ciências e Serviços Oceânicos da COI.
O trabalho da comissão, nas quatro décadas desde a sua criação, tem sido focado no cumprimento de sua missão, com uma visão voltada para a natureza e para os recursos dos oceanos. Essa tem sido a concepção para a expansão e defendida nas reuniões e em novos comitês. A comissão é composta dos seus Estados- Membros, uma Assembleia, um Conselho Executivo e uma Secretaria. A Secretaria está baseada em Paris, França.
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