MUNDO DO TRABALHO
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
MOBILIZAÇÃO
Entenda por que servidores vão fazer greve contra a reforma administrativa na quarta
Representantes do funcionalismo e da oposição se queixam de falta de diálogo com governo Bolsonaro
Ponto de destaque da agenda econômica do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a reforma administrativa deve ser alvo esta semana de mais uma grande mobilização: a primeira greve nacional. Servidores públicos de todas as regiões do país e de diferentes esferas de atuação – municipal, estadual e federal – prometem uma paralisação dos trabalhos na próxima quarta (18) para protestar contra a medida, que altera normas que regem o trabalho dos servidores do Estado.
A pauta tramita atualmente na Câmara dos Deputados como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 e pode ser votada até o final deste mês na comissão especial que discute o tema. A mobilização do funcionalismo tem o objetivo de evitar que isso ocorra.
Segundo os organizadores, o dia da greve contará com diversos atos públicos, panfletagem e outras atividades de protesto espalhadas por diferentes regiões do país. A paralisação é articulada pelas centrais sindicais e entidades de base e foi definida durante um encontro nacional das centrais, no final de julho.
O dirigente Sérgio Ronaldo, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), afirma que as categorias se queixam de não terem sido ouvidas pela gestão Bolsonaro antes e após a apresentação da proposta de reforma. A medida foi protocolada pelo governo em setembro do ano passado e altera uma série de normas que regem o trabalho dos servidores do Estado.
“Não nos restou outra saída, a não ser ir para o enfrentamento, já que o governo federal não escuta os mais envolvidos nessa situação. Só quer fazer reunião com a Fiesp, com os bancos, e a proposta foi criada no seio dessa turma. Por conta disso, nós resolvemos radicalizar, que é a única alternativa que nos restou neste momento”, diz Ronaldo.
O diretor-executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Pedro Armengol, destaca que diferentes trechos do texto da PEC preocupam o funcionalismo. Um dos pontos mais controversos é o fato de a proposta introduzir na esfera estatal os chamados “instrumentos de cooperação”, que permitem a execução compartilhada dos serviços entre entidades públicas e privadas.
Nessa modalidade, a União, o Distrito Federal, os estados e municípios ficam autorizados para firmar esse tipo de acordo, inclusive com a divisão da estrutura física e o uso dos recursos humanos. “É praticamente privatizar o serviço público, e nós entendemos que não é privatizando que vamos ter uma melhoria do serviço para a sociedade, principalmente para aqueles mais necessitados, por isso também a greve”, diz Armengol.
A PEC prevê ainda outras mudanças duramente criticadas pelo funcionalismo, como é o caso da proibição de adicionais por tempo de serviço, licenças-prêmio e outras licenças, exceto quando se trata de capacitação do servidor e diminuição de jornada sem redução de salário.
“É uma PEC que, na sua essência, não traz nenhuma perspectiva de ampliação das políticas de proteção social. Para nós, é uma narrativa mentirosa essa de que ela seria para a melhorar a administração. Ao contrário, ela conduz a uma visão de Estado mínimo social, de reduzir o que já é precário, e vem numa conjuntura de pandemia, que traduz uma necessidade de ampliação da rede de serviços públicos essenciais”, acrescenta Armengol.
A proposta é assinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que alega que a PEC teria o objetivo de minimizar os gastos na administração pública, combater privilégios e “corrigir distorções”.
“Se eles queriam combater privilégios, deveriam ter incluído os magistrados, os parlamentares, os militares, os membros do Ministério Público, porque lá talvez existam alguns privilégios. É uma narrativa falsa”, contrapõe o diretor-executivo da CUT.
Estabilidade
Outra proposta da PEC que causa polêmica entre os servidores é o fim da estabilidade. “A estabilidade não é para proteger servidor, e sim para proteger o cidadão, para que o agente público tenha autonomia e isenção para executar suas ações na prestação de serviço à sociedade, e não para atender os interesses fisiológicos e eleitoreiros”, argumenta Armengol.
A questão é uma das que mais preocupa o servidor público federal Francisco de Assis Silveira, que pretende aderir aos protestos nacionais na próxima quarta-feira. “O servidor não vai estar seguro de realizar o seu papel, não vai ter autonomia para realizar a sua função. Ele vai acabar sendo capacho de qualquer tipo de poder e não vai trabalhar à disposição da sociedade, mas sim em relação a interesses escusos, e isso é um dos pontos que precisam ser enfrentados”, diz.
Morador de Redenção, interior do Ceará, Silveira atua na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e diz temer um maior enxugamento do Estado, que está hoje já sob vigência da chamada PEC do Teto dos Gastos (55/2016), aprovada durante a gestão Temer e mantida por Bolsonaro, para congelar investimentos públicos em diferentes setores, inclusive em saúde e educação.
“A greve é importantíssima, é um ponto crucial pra que a sociedade entenda o que está em jogo com a reforma. Quanto mais mobilização, mais atenção social”.
Parlamentares
As mobilizações dos servidores contra a PEC 32/2020 contam com o apoio dos parlamentares de oposição, que se organizam no Congresso por meio da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público – Servir Brasil. Presidente do grupo, o deputado Israel Batista (PV-DF) aponta que a greve ajuda a fortalecer a interlocução com a sociedade.
“Infelizmente, o debate sobre a reforma administrativa acabou não chegando onde deveria, que é no usuário final dos serviços públicos, e isso nos preocupa muito. A greve vai chamar atenção da população para o absurdo que é toda a reforma administrativa do governo Bolsonaro e o que ela representa”, diz o deputado.
Ele conta que os opositores seguem se mobilizando em diferentes fronts, inclusive por meio da tentativa de abrir um canal de diálogo com o governo sobre o tema. “Já mobilizamos também o Judiciário e procuramos, por todos os meios, impedir a tramitação da PEC 32 da maneira como ela tem sido levada adiante”.
A PEC 32 teve a admissibilidade aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em maio deste ano. Foi a primeira votação do percurso legislativo da proposta na Câmara. Caso receba aval da comissão especial que analisa o texto, a PEC seguirá para avaliação do plenário da Casa.
Edição: Sarah Fernandes
domingo, 1 de agosto de 2021
CPI da Covid volta na próxima terça e avalia
pedir prisão de dono da Precisa...
Daniel Weterman
Em Brasília
29/07/2021 12h43Atualizada em 29/07/2021 12h56
Em reunião na noite de ontem, a cúpula da CPI definiu um roteiro que abrange depoimentos, pedido de prisão e afastamento de servidores do Ministério da Saúde.
MOMENTO AGROECOLÓGICO
MST celebra 5 anos da rede Armazém do Campo com ações de combate à fome
Desde 2016, a rede comercializa produtos da Reforma Agrária de assentamentos e acampamentos do MST em todo o país.
A rede de lojas Armazém do Campo comemora 5 anos de sua abertura. Para comemorar, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai promover ações de combate à fome durante os meses de julho e agosto de 2021.
Iniciada em São Paulo, a rede comercializa produtos da Reforma Agrária Popular, vindos de assentamentos e acampamentos do MST de todo país.
De acordo com Ademar Schusk, administrador do Armazém do Campo, como a rede acabou assumindo o papel de produzir alimentos para doação para pessoas em situação de rua durante a pandemia, foi natural pensar que a celebração deveria ser feita em forma de cooperação.
“A loja de São Paulo acompanhou a produção de marmitas junto ao MST Nacional e São Paulo e foram feitas 250, 300 marmitas por dia. E, em parceria, a gente montou mais de 15 mil cestas básicas. Isso dá cerca de 300 mil toneladas de alimentos. Por conta dessa referência em solidariedade, nós vamos agora doar em torno de 5 mil marmitas”, afirma.
Segundo ele, mais de 20 cozinhas vão participar da ação, sendo que cada uma delas vai fazer atividades próprias, mas com a doação de arroz do Armazém para todas as que estão descentralizadas.
Além disso, durante o mês, será feita uma live com música, culinária e poesia.
Por conta da pandemia de coronavírus, não será possível fazer nenhuma festa presencial. Porém, Schusk diz que a festa de 6 anos será com muita festa.
“Não vamos passar em branco, mas a aglomeração, neste momento, não. E já convidamos todos para os 6 anos no ano que vem. Aí sim, com muita festa”, afirma.
A comemoração também irá continuar com ofertas e sorteios de cestas pela página do Instagram do Armazém e do MST. “A pessoa que vem aqui não vem atrás só do alimento. Ela vem atrás desse histórico que essa comida tem na luta”, explica.
Ao longo dos anos, além de virar uma referência para quem busca comida de verdade, tanto em São Paulo, quanto nos outros estados, a rede também virou um ponto de encontro entre campo e cidade, onde se alimenta a ideia de que comer também é um ato político e cultural.
Atualmente, são 28 lojas distribuídas em 13 estados brasileiros, com atendimento via delivery e no local das lojas físicas.
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Uma delas, está em Pernambuco. Ramos Figueiredo, da coordenação do Armazém do Campo de Recife, o grande diferencial das lojas para as outras que existem, é que o objetivo é fortalecer a agricultura camponesa.
"Ele é uma expressão do movimento sem terra no diálogo com o mundo urbano a partir da comercialização. Então, quando você chega dentro de um espaço do Armazém do Campo, seja aqui ou em qualquer outra loja da rede, você está em um espaço da agricultura camponesa”, explica.
De acordo com a arquiteta Moema Rolim, cliente da loja, um dos principais motivos que faz com que ela compre na loja é a busca pelo fortalecimento da luta dos agricultores familiares.
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“E, claro, além disso, a questão da segurança alimentar. Eu quero levar produtos de qualidade para a minha família”, afirma.
“E claro, também tem a questão política. Todo mundo deveria ter acesso a esses produtos. É nisso que a gente precisa investir. Eu acho que a gente precisa apoiar o que a gente acredita”, diz.
Valmir Stronzake, responsável pelo departamento comercial da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), a relação com o armazém é política e comercial.
“Uma cooperativa ligada à reforma agrária, ligada ao MST como a nossa, às vezes as portas não se abrem. O Armazém do Campo veio abrir novos canais de comercialização. São lojas e formas de venda mais confiáveis e que tem uma filosofia como a nossa”, ressalta.
No site, lançado neste mês comemorativo, se pode encontrar a loja mais próxima para quem quer apoiar a luta do MST e consumir alimentos saudáveis.
Edição: Douglas Matos.
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