domingo, 26 de setembro de 2021

 




PANDEMIA

Covid: o escândalo da Prevent Senior, a vacinação de adolescentes e o atual panorama da crise

Brasil fecha semana com notícia de aumento na taxa de transmissão da doença e percentual de 40% da população imunizados



O escândalo envolvendo a operadora Prevent Senior segue alimentando a rede de problemas que vieram à tona na atual fase da pandemia no país. A empresa, hoje na mira de inquérito do Ministério Público Federal (MPF), é suspeita de omitir morte de pacientes em um estudo do uso da cloroquina no tratamento de pessoas com covid-19.

Na quinta-feira (23), a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) de São Paulo também se movimentou e chegou a criar uma força-tarefa para investigar o caso, nomeando quatro promotores que irão atuar nas apurações. Os documentos chegaram ao MP do estado por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid.

A operadora de saúde entrou na mira da CPI depois de o colegiado receber um dossiê de ex-médicos da operadora que evocam as suspeitas de atuação irregular no estudo da medicação. O plano de saúde nega a acusação e alega ser vítima de “armação”.

Segundo o documento, a omissão dos óbitos na pesquisa teria se dado para vender a ideia de suposta eficácia da cloroquina nesse tipo de tratamento. A denúncia diz também que não havia consentimento dos próprios pacientes sobre o uso do remédio e que a empresa teria pressionado médicos a receitarem a droga, que não é recomendada por cientistas e autoridades de saúde para esse tipo de caso.

“Acredito que esse escândalo deveria até abrir margem pra ampliação das investigações de violações bioéticas no Brasil durante a pandemia, afinal, há chances de isso não ter sido só uma situação isolada”, comenta a médica Fernanda Americano Freitas Silva, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares.

Ela menciona o intenso assédio da indústria farmacêutica sobre instituições e profissionais de saúde para que se receite o “kit covid”. Diferentes químicos além da cloroquina são associados a esse coquetel, como a ivermectina e a azitromicina, também sem comprovação de eficácia científica em casos de coronavírus.

“Quem é da área da saúde com certeza já ouviu falar de um colega que foi coagido a prescrever ‘kit covid’. Já ouvi varias historias ainda no começo da pandemia, hoje um pouco menos, mas no início muito. Isso se dava principalmente nos centros particulares, mas, infelizmente, no SUS também, a depender do protocolo municipal”, relata Fernanda.

O chamado “kit covid” virou referência no discurso de negacionistas ao longo da pandemia por supostamente prevenir ou tratar casos da doença, o que é invalidado por estudos científicos de referência.

O estudo da Prevent Senior, que foi parar no rol de casos analisados pela CPI, chegou a ser citado pelo clã do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2020, sob o discurso de que nenhum paciente com covid entre aqueles que tomaram a droga teria morrido. O dossiê aponta, no entanto, que nove pessoas utilizadas como cobaia vieram a falecer ao longo do estudo. A empresa mencionou apenas duas mortes na pesquisa.

Adolescentes

Outra questão que ganhou destaque no cenário recente da pandemia no Brasil é a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos. Na última quarta-feira (22), o Ministério da Saúde (MS) recuou e voltou a indicar a imunização do segmento. A orientação veio após um vaivém que gerou uma onda de críticas e reclamações.

No último dia 16 de setembro, o ministro Marcelo Queiroga pediu que estados e municípios vacinassem apenas adolescentes com comorbidades, deficiência permanente ou em situação de privação de liberdade.

Entidades como o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbin) pediram uma reconsideração da decisão, alegando que não havia justificativa plausível para se interromper a imunização do restante dos adolescentes, já que a morte da adolescente que havia sido vacinada – e que foi mencionada no contexto da decisão tomada pelo ministério – não teve relação com o imunizante.

Em geral, a sociedade científica considera que os benefícios da vacina contra a covid superam os possíveis efeitos colaterais do imunizante, que, na maior parte dos casos, gera um quadro reações leves.

A inconstância da pasta diante da questão gerou cobranças também de secretários de Saúde dos estados, que, na quinta-feira (23), pediram uma postura mais clara e enfática diante do tema. A avaliação é de que a oscilação na conduta do ministério confunde a população, alimenta medos em relação à vacinação e atrasa o ritmo da campanha de imunização.

Panorama

A preocupação dos especialistas com o ritmo da vacinação se dá também porque, apesar de ter hoje uma situação mais branda do que o que já se verificou em outros momentos da crise sanitária, o Brasil tem visto o índice de transmissão subir. É o que mostram os dados do Imperial College de Londres, que acompanha o comportamento da taxa em diversas partes do mundo.

Em dados publicados na última terça-feira (21), o instituto apontou que o país tem agora uma taxa de transmissão – o chamado “RT” – em 1,03, a maior desde junho. Considerando a margem de erro do levantamento, os especialistas consideram que o índice está entre 0,91 e 1,22.

Pragmaticamente, o dado significa que, ao se atingir o “1,00”, uma pessoa contaminada pela covid transmite o vírus para mais uma. A situação é considerada sob controle quando o índice está abaixo dessa marca.

Além da elevação da taxa de transmissão, o Brasil acumula hoje mais de 593 mil mortos pela covid e registra um número de mais de 21,3 milhões de pessoas já infectadas pelo novo coronavírus. A contabilização é do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), que aponta a ocorrência de 699 óbitos entre quinta (23) e sexta (24), além de 19.438 novos casos de contaminação notificados no intervalo.

À parte disso, o Brasil tem menos da metade da população com esquema vacinal da covid completo. São 40,21% dos brasileiros imunizados, segundo dados atualizados nesta sexta-feira (24).

“O avanço gradual da vacinação nos últimos meses pode ter impedido uma explosão de casos ligados à variante delta, apesar de estarmos ainda muito distantes do patamar desejado da vacinação. Quarenta por cento não é o que a gente deseja”, pontua Fernanda Silva.   

“A gente ainda tem um caminho longo, porém me parece que, com a vacinação em massa progredindo, quem sabe em breve a gente possa ter um respiro. Mas claro que, neste meio do caminho, situações ocorrem, variantes aparecem, então, em locais com transmissão comunitária como no Brasil é muito importante que se mantenham as medidas de prevenção da covid”.

   Edição: Marina Duarte de Souza


sábado, 25 de setembro de 2021

 




DIREITOS HUMANOS

CONTRA O ETNOCÍDIO

Em nova derrota do governo, STF volta a proibir missões religiosas em áreas de povos isolados

Ação do PT e da Apib motivou nova decisão: “Apenas para que não haja dúvida sobre o alcance da cautelar já proferida”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 

Em sua decisão, Barroso reforçou que o risco de contágio dos indígenas - Reprodução

O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a proibir o ingresso de missões religiosas em áreas indígenas habitadas por povos isolados e de recente contato. A decisão ocorre um ano após a primeira proibição da Corte, concedida por meio de medida cautelar.

“Assim, apenas para que não haja dúvida sobre o alcance da cautelar já proferida e em vigor há mais de um ano, explicito que ela impede o ingresso em terras de povos indígenas isolados e de recente contato de quaisquer terceiros, inclusive de membros integrantes de missões religiosas”, explicou Barroso.

A decisão ocorreu no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo Paetido dos Trabalhadores e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que pede proteção aos povos isolados e de recente contato contra o avanço da pandemia do coronavírus no país.

::Em decisão inédita, Justiça proíbe entrada de religiosos em terras indígenas no AM::

Em sua decisão, Barroso reforçou que o risco de contágio dos indígenas “parece se relacionar mais imediatamente com o ingresso de novas missões religiosas”. “Questão diversa, a ser debatida oportunamente, quando do mérito, diz respeito às condições de ingresso das missões que já se encontravam em terras indígenas, e, caso tal ingresso seja ilegítimo, à sua retirada. Quanto a esse ponto, contudo, não está clara a relação entre perigo na demora, pandemia e risco à vida e à saúde.”

A primeira decisão de Barroso, referendada pelo plenário da Corte, ocorreu em 8 de julho de 2020, no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, quando o ministro exigiu que o governo adotasse medidas para restringir o acesso às áreas pelos religiosos.

Edição: Vinícius Segalla


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 Educação Federal

Formação de professores no Brasil precisa ser reestruturada


De acordo com os dados do censo da educação superior, existem 7.900 cursos de licenciatura na área de educação espalhados por todo país.

Das 20 metas do Plano Nacional de Educação, quatro são voltadas para a formação de professores: formação inicial, formação continuada, valorização do profissional e plano de carreira. Mas os desafios são gigantes. Dos 2 milhões e duzentos mil professores do ensino básico, mais de 20% não têm formação adequada.

Em julho de 2015 o Conselho Nacional de Educação divulgou novas diretrizes para a formação de professores, aumentando o tempo mínimo dos cursos de licenciatura. Os especialistas também recomendam novos mecanismos para avaliação dos professores baseados mais em incentivos do que em punições. 

O "Educação Federal” conversou sobre a formação de professores no Brasil com a Consultora Legislativa do Senado, Issana Rocha, especializada no setor educacional. 



 

CPI da Pandemia

CPI pede explicações ao Ministério da Saúde sobre suspensão de vacinas para menores sem comorbidades

O Ministério da Saúde terá 48 horas para explicar o recuo na vacinação de crianças e adolescentes sem comorbidades. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acusa o governo de usar uma recomendação da OMS para não admitir a falta de doses. E a CPI remarcou para quarta-feira (22) o depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, sobre denúncias de que o plano de saúde usou pacientes como cobaias na pandemia.




Pacheco: CCJ vai decidir se novo Código Eleitoral será votado a tempo de valer nas eleições de 2022.



MINISTÉRIO DA SAÚDE TERÁ 48 HORAS PARA INFORMAR À CPI DA PANDEMIA SOBRE SUSPENSÃO DE VACINAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM COMORBIDADES.
  REPRESENTANTE DA PREVENT SENIOR, PLANO DE SAÚDE QUE SUBMETEU PACIENTES A EXPERIMENTOS NA PANDEMIA, TEM DEPOIMENTO REMARCADO APÓS AUSÊNCIA NA COMISSÃO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
  A pedido do senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, o Ministério da Saúde terá 48 horas para explicar o recuo na vacinação de crianças e adolescentes com comorbidades. Ele suspeita que o governo federal não tem imunizantes suficientes e interpretou equivocadamente uma recomendação da Organização Mundial da Saúde para justificar a suspensão das doses para esse público.
  Se o Ministério da Saúde quer admitir o fracasso de que não tem doses para distribuir para todo mundo, é melhor assim dizê-lo, mas não emitir uma nota dizendo que a OMS não recomenda a vacinação. É importante sabermos eque contexto de resolução da OMS eles se basearam? Porque há uma diferença gigantesca entre não recomendar e não ser prioritário. E se a decisão do Ministério da Saúde é em nenhum momento fazer a vacinação de crianças e adolescentes.
  Já o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, foi reconvocado para a próxima quarta-feira. Alegando desrespeito ao prazo legal de 48 horas, ele não compareceu ao depoimento desta quinta-feira. O médico será ouvido porque a Prevent Senior submeteu os pacientes, sem autorização ou informá-los, a estudos da eficácia do tratamento precoce usados pelo presidente Jair Bolsonaro para defender o uso da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ozonioterapia. Segundo denúncias, a Prevent Senior fraudou os resultados ao não testar os pacientes e ao trocar a causa da morte de covid por outros problemas. Os senadores apontaram uma má fé do diretor da Prevent Senior ao recorrer ao Supremo Tribunal com um pedido de habeas corpus sem questionar a data do depoimento. Citando o parecer de juristas já entregue à CPI, eles apontaram que os diretores da Prevent Senior podem ter cometido crime contra a humanidade. Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, declarou que documentos revelam uma “situação gravíssima de desrespeito ético” na tentativa de validar a tese da imunidade de rebanho e do tratamento precoce.
  Utilizaram um hospital e um plano de saúde como campo de teste de estratégias estapafúrdias, enlouquecidas, que não tinham nenhum respaldo científico e tinham a conexão direta com o gabinete da Presidência da República, sob o ponto de vista de divulgação desses dados falsos para validar teorias, pra insistir na cabeça das pessoas de que era possível fazer um tratamento preventivo precoce, que, segundo relatos, até hoje essa instituição promove.
  A CPI não descarta ouvir os próprios médicos que fizeram as denúncias contra a Prevent Senior e pediu ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo documentos sobre as providências adotadas. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

Juristas entregam parecer à CPI com indicação de sete crimes cometidos por Bolsonaro na pandemia

A CPI da Pandemia recebeu um parecer de juristas apontando sete crimes cometidos pelo presidente Bolsonaro na pandemia, incluindo crimes de responsabilidade e contra a humanidade. Segundo Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o documento vai embasar o pedido de impeachment e uma ação no Tribunal Penal Internacional. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que o relatório final será antecipação das eleições porque não há provas contra Bolsonaro.

JURISTAS DIZEM QUE HÁ ELEMENTOS PARA DENUNCIAR PRESIDENTE BOLSONARO NO TRIBUNAL INTERNACIONAL POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE.

  A CPI DA PANDEMIA CONSIDERA PEDIR IMPEACHMENT E RECORRER AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL COM BASE NO DOCUMENTO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
  Um grupo de juristas liderado pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior enviou à CPI da Pandemia um parecer com mais de 200 páginas atribuindo ao presidente Jair Bolsonaro sete crimes. Eles citaram os crimes contra a saúde pública, a exemplo de charlatanismo, infração de medida sanitária e epidemia; contra a administração pública, no caso, prevaricação; incitação ao crime por ações contra a paz pública; contra a humanidade, além de crime de responsabilidade. Miguel Reale Júnior ressaltou a posição contrária de Bolsonaro às medidas restritivas e ao uso de máscaras, o negacionismo, o tratamento precoce, a tese da imunidade de rebanho, a falta de ação na crise de Manaus, a demora na compra das vacinas e as negociações com indícios de irregularidades no Ministério da Saúde. Miguel Reale Júnior destacou que as conclusões são consequência das investigações da própria CPI. 
 

É um quadro desolador. Se nós formos olhar impeachments anteriores, esse é de uma gravidade, o crime de responsabilidade, exponencialmente, porque colocou em risco um número indeterminado de brasileiros numa mais absoluta indiferença, frieza sempre na expectativa de salvar economia para poder garantir o processo eleitoral futuro satisfatório.
  O senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, explicou que o parecer dos juristas embasa o pedido de impeachment do presidente Bolsonaro e uma ação no Tribunal Penal Internacional pelo caos em Manaus e pelo descaso com a população indígena.

É uma grande contribuição no sentido de fazer o enquadramento, uma adequação entre o que a CPI comprova com as previsões que estão na legislação. E isso  leva muito claramente a uma possibilidade de indiciamento de autoridades inclusive do presidente da República por crimes graves, crimes contra a saúde pública, crimes comuns, portanto que dependem de uma ação posterior do Ministério Público; crimes de responsabilidade que ensejam ações no âmbito da Câmara dos Deputados, do Congresso Nacional com eventual pedido impeachment e também crime contra a humanidade, que será remetido para apreciação do Tribunal Penal Internacional.
  O senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, declarou que o parecer dos juristas é uma tentativa da oposição de embasar o relatório final sem provas contra o presidente Bolsonaro.
  Na falta de provas, de evidências, de robustez para apresentar o relatório, eu vejo um movimento do relator e de alguns integrantes da CPI na busca de socorro argumentativo de juristas para apresentar um relatório que todos já sabem qual vai ser o seu final. O relator já vem prejulgando, fazendo uma acusação seletiva desde o começo. E parte para uma linha de ataque ao presidente da República. É um jogo pré-eleitoral.

O senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, deve incluir no relatório final as considerações apresentadas pelos juristas. Além de Miguel Reale Júnior, assinaram o parecer Sylvia Steiner, Helena Regina Lobo da Costa e Alexandre Wunderlich. 

Da Rádio Senado, Hérica Christian







domingo, 12 de setembro de 2021

 POLÍTICA

Votação do novo Código Eleitoral prosseguirá na semana que vem

Previsão de quarentena para juízes e militares foi retirada do texto

Fonte: Agência Câmara de Notícias


A Câmara dos Deputados vai prosseguir na próxima semana a votação do projeto de lei do novo Código Eleitoral (Projeto de Lei Complementar 112/21). Serão analisados os 

destaques apresentados pelos partidos na tentativa de mudar trechos do texto-base da relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI). O texto-base foi aprovado na sessão do Plenário desta quinta-feira (9) por 378 votos a 80.

Também nesta quinta-feira, um dos principais temas polêmicos foi retirado do projeto: a quarentena de cinco anos de desligamento do cargo que seria exigida de juízes, membros do Ministério Público, guardas municipais, militares e policiais para poderem concorrer às eleições a partir de 2026.

Com a aprovação de destaque do PSL, foram retirados da regra os juízes e o Ministério Público. Então os partidos decidiram acompanhar outros pedidos de exclusão, abrangendo as demais categorias.

Fidelidade partidária
Outro destaque aprovado, do PT, retirou a possibilidade de o mandatário mudar de partido sem penalidades no mês de março de cada ano eleitoral, a chamada janela de mudança de partido.

Continua apenas a janela dos 30 dias anteriores ao prazo de filiação partidária.

Indígenas
Os deputados aprovaram ainda emenda do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) para incluir os candidatos indígenas na contagem em dobro dos votos dados, a exemplo do que será garantido para mulheres e negros. Essa contagem influi na distribuição de recursos do 
Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).

A contagem em dobro será uma única vez por pleito. Igual regra será aplicada na contagem de eleitos, pois esses são os dois critérios principais na repartição de recursos dos fundos.

A contagem em dobro valerá até que ocorra paridade política como ação afirmativa. Fica mantida ainda a cota mínima de 30% de cada sexo nas candidaturas lançadas pelos partidos.

Inelegibilidade
Emenda do deputado Danilo Cabral (PSB-PE) aprovada pelo Plenário incluiu no texto dispositivo já existente na lei atual a fim de tornar inelegíveis os mandatários que renunciam após abertura de processo de perda de mandato. Essa inelegibilidade vale para as eleições realizadas desde a renúncia e até oito anos após o término da 
legislatura.

Outras situações de inelegibilidade serão extintas, como a que impedia a candidatura de dirigentes não exonerados de responsabilidades pela liquidação judicial ou extrajudicial de instituições financeiras.

Quanto aos que podem ser inelegíveis por terem sido excluídos do exercício da profissão por infração ético-profissional ou demitidos do serviço público por processo administrativo ou judicial, a restrição será aplicada apenas se o motivo comprometer a moralidade para o exercício de mandatos eletivos.

Para os que tiverem suas contas rejeitadas por ato doloso de 
improbidade administrativa em decisão irrecorrível, o texto prevê que a Justiça Eleitoral, para reconhecer a inelegibilidade, não poderá se basear em fatos que tenham sido objeto de procedimento preparatório ou inquérito civil arquivados ou de ação de improbidade extinta sem resolução de mérito, rejeitada com liminar, julgada improcedente ou julgada procedente somente em função de ato culposo.

O texto revoga a Lei Complementar 64/90 sobre o assunto, mas não incorpora regras específicas de inelegibilidade para cargos majoritários vinculadas a quarentenas no exercício de cargos ou funções públicas e privadas (em alguns casos). Valerá a desvinculação do cargo até 2 de abril do ano das eleições.

No caso de condenações 
transitadas em julgado ou em segunda instância, o texto-base mantém a lista atual de crimes que implicam inelegibilidade, acrescentando aqueles contra a ordem tributária, contra a economia e as relações de consumo e contra o Estado democrático de direito.

No entanto, o período no qual a pessoa não poderá se candidatar passa a contar da condenação pelo crime e não mais a partir do fim do cumprimento da pena.

Contagem inversa valerá para o político condenado a perda de mandato, para o qual os oito anos de inelegibilidade contarão a partir da decisão e não mais a partir do término do mandato, como é hoje.

Sobras de vagas
A relatora incorporou no texto mudanças aprovadas nesta quinta-feira por meio do PL 783/21 para as regras sobre as sobras de vagas. Essas sobras são as vagas para cargos proporcionais (deputados e vereadores) que poderão ser preenchidas por partidos com um limite mínimo de votos obtidos.

Poderão concorrer à distribuição das sobras de vagas apenas os candidatos que tiverem obtido votos mínimos equivalentes a 20% do 
quociente eleitoral e os partidos que obtiverem um mínimo de 80% desse quociente.

O quociente eleitoral é um número encontrado pela divisão do total de votos válidos pelo número de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral (Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras municipais), desprezada a fração.

Para a distribuição das vagas aos mais votados, usa-se primeiramente esse critério do quociente e, só depois disso, as sobras são repartidas.

Candidaturas coletivas
O texto-base aprovado autoriza a prática de candidaturas coletivas para os cargos de deputado e vereador (eleitos pelo 
sistema proporcional). Esse tipo de candidatura caracteriza-se pela tomada de decisão coletiva quanto ao posicionamento do eleito nas votações e encaminhamentos legislativos.

O partido deverá autorizar e regulamentar essa candidatura em seu estatuto, mas a candidatura coletiva será representada formalmente por apenas uma pessoa. O texto permite, no entanto, que o nome do coletivo seja registrado na Justiça Eleitoral juntamente com o nome do candidato, assim como nas propagandas se não criar dúvidas quanto à identidade do candidato registrado.

O partido definirá regras para o uso desse tipo de candidatura, especificando como ocorrerá seu financiamento e a participação da coletividade na tomada de decisão sobre os rumos e estratégias políticas da candidatura.

Na hipótese de vacância do mandato do representante da candidatura coletiva, em caráter provisório ou definitivo, tomará posse o suplente do respectivo partido político.

Rejeições
Antes da votação dos destaques do PSL sobre a quarentena, o Plenário rejeitou duas emendas nesse mesmo sentido. Uma delas, do deputado Capitão Wagner (Pros-CE), pretendia incluir policiais, militares, juízes e promotores entre os servidores que podem deixar os cargos em abril do ano eleitoral para poderem concorrer. Isso acabou acontecendo com o fim da quarentena específica de cinco anos.

Já emenda do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) pretendia retirar do texto a quarentena referindo-se a todos os dispositivos de uma vez só.

Por fim, destaque do Pros pretendia retirar do texto a exigência de os partidos obterem um mínimo de 80% do 
quociente eleitoral para acesso às vagas que sobraram no preenchimento de cargos proporcionais (deputados e vereadores).

Novo código
O projeto do novo Código Eleitoral consolida toda a legislação eleitoral e temas de resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um único texto. A proposta trata de vários temas, como inelegibilidade, prestação de contas, pesquisas eleitorais, gastos de campanha, normatizações do TSE, acesso a recursos dos fundos partidário e de campanha, entre outros.

“Recebemos todas as emendas e nos dedicamos a cada uma delas e ao diálogo com todos os parlamentares, com os partidos, com a sociedade civil organizada, sempre num incansável debate”, disse a relatora.

Edição – Pierre Triboli

Fonte: Agência Câmara de Notícias


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 

Taxas de ocupação de leitos UTI para Covid-19 melhoram em quase todo o país, revela a nova edição do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz.
Roraima é o único estado na zona crítica, com índice superior a 80%, mas encontra-se em situação particular de poucos leitos disponíveis. O Rio de Janeiro apresentou queda no indicador de 72% para 66%, o que agora o coloca na zona de alerta intermediário.
“A redução simultânea e proporcional desses indicadores demonstra que a campanha de vacinação está atingindo o objetivo de proteger a população do impacto da doença", ressaltam os pesquisadores do Observatório. No entanto, é necessário agilidade na conclusão do esquema vacinal de novos grupos e da dose de reforço para idosos, portadores de doenças crônicas e imunossuprimidos.
Leia mais: bit.ly/2YFQESa


 POLÍTICA

RESPOSTA

Barroso rebate Bolsonaro: ‘Conhecereis a mentira e a mentira te aprisionará’

Presidente do TSE disse ser “cansativo” ter que “desmentir falsidades” de forma cotidiana. “Todos sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”.

São Paulo – Na abertura da sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na manhã desta quinta-feira (9), o presidente da Corte e também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso realizou um pronunciamento respondendo às acusações feitas, mais uma vez, pelo presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral no 7 de Setembro.

“Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, cabe apenas rebater o que se diz de inverídico em relação à Justiça Eleitoral. Faço isso em nome dos milhares de juízes e servidores que servem ao Brasil com patriotismo, não o da retórica de palanque, mas o do trabalho e dedicado, e que não devem ficar indefesos diante da linguagem abusiva e da mentira”, disse Barroso, que afirmou ser “cansativo” ter que “desmentir falsidades” cotidianamente.

O ministro analisou e rebateu ponto a ponto as mentiras reiteradas de Bolsonaro. Chegou a emular uma das frases bíblicas repetidas pelo presidente: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, dizendo “conhecereis a mentira e a mentira te aprisionará”.

Também foi assertivo em relação à postura de Bolsonaro que chega a contestar até mesmo os resultados das eleições em que ele mesmo se sagrou vencedor, em 2018. “Todos sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”, pontuou. “Quando fracasso bate à porta, é preciso encontrar culpados.”

“Insulto não é argumento, ofensa não é coragem, a incivilidade é uma derrota do espírito, a falta de compostura nos envergonha pelo mundo. Somos vítimas de chacota e desprezo no mundo”, apontou ainda Barroso. “A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la.”

Comissão de Transparência

Barroso também anunciou a instituição de uma Comissão de Transparência das Eleições, criada com o objetivo de “ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições”.

A Comissão vai analisar o plano de ação do TSE para a ampliação da transparência do processo eleitoral, além de acompanhar e fiscalizar as fases de desenvolvimento dos sistemas eleitorais e de auditoria do processo, podendo avaliar e recomendar outras ações para assegurar a máxima transparência. Fazem parte do colegiado representantes de instituições, órgãos públicos e da sociedade civil, e especialistas em tecnologia.






DEMOCRACIA EM RISCO

O que o STF pode fazer diante da crise institucional

Segundo professor de Direito da UFF e integrante da ABJD Rogério Dultra dos Santos, responsabilidade política de dois dos três caminhos possíveis para barrar Bolsonaro recai sobre ministros do Supremo.


São Paulo – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, fez um pronunciamento ontem (8) considerado contundente, ainda mais em comparação com a fala do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ambos fazendo referência às falas de Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. Contudo, para o professor de Direito da Universidade Federal Fluminense, Rogério Dultra dos Santos, o discurso poderia ter apresentado soluções efetivas para a crise institucional vivida pelo Brasil.

“Na forma, o discurso do Fux foi duro, mas ele poderia ter sido mais incisivo porque, na verdade, passou a bola para o Congresso Nacional dizendo que o que Bolsonaro fez foi crime de responsabilidade”, apontou o integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), em entrevista a Glauco Faria no Jornal Brasil Atual. Ele lembra que os atos de Bolsonaro nas manifestações configurariam tanto crime de responsabilidade como também crime comum.

No caso do crime de responsabilidade, caberia à presidência da Câmara dos Deputados a abertura de um processo de impeachment que pudesse apurar seu cometimento. Já em relação ao crime comum, que no caso seria o de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal, o procurador-geral da República, Augusto Aras, teria que oferecer denúncia para iniciar o rito de processamento.

“Fux faz um movimento político de, ao mesmo tempo, cobrar o que é correto, um posicionamento do presidente Arthur Lira, que deveria estar se movimentando para receber os pedidos de impeachment e não ficar engavetando, mas retira a responsabilidade do STF e também do Aras. Isso pode ser uma estratégia, porque o Aras eventualmente pode ser fruto de um consenso político para a vaga do STF”, destaca o jurista.

Em vista do cenário, Dultra resume as três alternativas pelas quais Bolsonaro poderia ser responsabilizado pelos atos de 7 de Setembro: processo por crime comum, abertura de processo de impeachment na Câmara dos Deputados e a possibilidade de cassação da chapa pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE).

“A responsabilidade política de duas destas três alternativas recaem sobre ministros do STF. Fux poderia ter sido mais incisivo na sua resposta, encaminhando uma saída prática para o problema. Parece que ainda há ali uma tentativa de solução política em uma situação, pelo que temos recebido de informação, de golpe em andamento”, pontua. “Estamos em uma situação muito gravosa que requer medidas enérgicas pelos poderes da República. E o mais rápido possível.”

https://youtu.be/t7jUfTWEJYc



  Uma comitiva de Condado: os ex-candidatos a prefeito e vice-prefeita respectivamente, Cristiano de Sousa Costa e Maria Chaves de Almeida (...